Alunas de 17 anos da Etec Getúlio Vargas contam com orientação da professora de português e com o apoio de uma mãe na criação de aplicativo de ajuda à escola
Gabriela Crivoi, Giovana Dianni e Isabelle Pauliuk, três alunas do terceiro e último ano do ETIM (Técnico e Ensino Médio) do curso de Design de Interiores da Etec Getúlio Vargas (São Paulo-SP) se uniram e criaram o app Central APM, para o Startup In School – Em Casa. O projeto de aplicativo para celular foi desenvolvido a partir do desejo comum das três estudantes em ajudar a comunidade escolar. Elas pesquisaram sobre o funcionamento da Etec e descobriram que desde a catraca de entrada até a troca de lâmpadas da escola são garantidas pelos recursos da Associação de Pais e Mestres. Mas, quem sabia disso? Como funciona a arrecadação desse fundo e a atuação dos pais e mestres? Aí, surgiu a Central APM.
Motivadas pela professora Zuleica Tani, que leciona língua portuguesa na Etec, as jovens mulheres (que não gostam de ser chamada de meninas) contaram também com o suporte da mãe da Gabi, Daniela Crivoi Neres, para fechar a inscrição no SiS Em Casa. Hoje, estão na etapa de validação do projeto, que poderá ser entregue até o final de junho.
O projeto tem o propósito de arrecadar doações para a Associação de Pais e Mestres de todas as escolas públicas de SP e manter as instituições em perfeita conservação e com os equipamentos funcionando. Além disso, com quase 4 mil alunos em uma mesma escola, considerando 3 períodos, não se consegue falar com todo mundo. Assim, a ideia delas é também unir toda a comunidade escolar no mesmo canal comunicação.
Hoje, a APM recebe doações voluntárias dos pais no início de cada ano letivo ou na arrecadação via Vestibulinho. Segundo as alunas, é necessário incentivar mais doações, explicar o papel delas e tornar visível a importância e a função da APM. Afinal, pouca gente sabe sobre esse assunto.
O aplicativo conta com três funções básicas. O primeiro traz um espaço para estimular as doações. O segundo é uma espécie de portal da transparência, com todos os gastos feitos com o recurso da APM. O terceiro é uma divulgação para quem quiser doar serviços para reparos. Além disso, haverá um chat direto para conectar usuários e a escola, no sentido de desburocratizar dúvidas, sugestões e doações.
Para chegar a esse desenvolvimento, as alunas entrevistaram 177 alunos e 52 pais. Acreditam que tenham ouvido as Etecs Carlos de Campos, Camargo Aranha, Rocha Mendes e Itaquera, além da Etec GV. Na pesquisa, quase 70% dos pais disseram que já contribuíram com a APM. Muitos responderam que não. Outros disseram, que sentiam falta de estímulo e de saber com o que estava sendo gasto dinheiro. Com base nesses dados reais, surgiu a Central APM.
O que dizem as alunas, idealizadoras da Central?
Belle (Isabelle): “ Nunca tinha visto nada relacionado à programação. Isso era um medo, mesmo. Foi um processo de aprendizado. Eu vi vários vídeos, nesses dias. E o site é muito simples. Mas, para quem nunca viu, era muito complicado. Mesmo assim, ao longo do tempo, fizemos muita coisa e pensamos que talvez tenha ficado muito simples. Mas, a gente conseguiu colocar tudo o que a gente queria”. Quando solicitada a dar dicas para os jovens que ainda não desenvolveram muito seus projetos, reforçou: “Não tenha medo de abrir as diversas portas que a vida te dá. Eu tinha pavor de falar em público e entrei em um grupo de teatro. Foi maravilhoso. E, por medo, quase não fiz isso. Hoje, eu vejo que se eu tivesse medo, nem estaria aqui. Se a vida te dá uma porta, abra. Se você não fizer isso. Ninguém fará por você. A gente sempre tem que tentar. Nunca pode ter medo. Nosso futuro vai ser muito isso. A gente terá que conectar várias áreas diferentes. Vai ser bom em prol de todo mundo”
Giovana: “Quando eu entrei no grupo, não fazia ideia de como a gente poderia levar isso pra frente. Eu sabia algumas coisas, mas não sabia tudo o que acontecia dentro da escola. A gente acabou descobrindo muito sobre o funcionamento da escola”
Gabi: “É um diferencial que logo vai se tornar uma competência que você vai ter que ter. Estou muito feliz de ter tido essa oportunidade agora. Dá a sensação de que você pode mudar a sua realidade. É nosso o problema, mas ninguém faz nada. Dar o mínimo de retorno para os professores e para a escola inteira, anima muito, e também saber um pouco de tudo, ir atrás. Trabalho em grupo é muito importante. A gente tem que ter inteligência emocional para lidar. Sonhe alto. Coloque as opções no papel e vá atrás das pessoas certas para ver se isso é viável”
O que dizem as incentivadoras?
Zuzu, a professora-orientadora do grupo, possui mestrado internacional em tecnologia de educação. Por isso, alega que, sempre que possível, incentiva alunos e alunas a participar de ações que envolvam a tecnologia. Para ela, “As alunas querem que o projeto dê certo. Querem ajudar, realmente. Entraram no SiS Em Casa como meninas e saem prontas para o mercado de trabalho”, aposta. “As mulheres querem tecnologia e as ideias das mulheres fazem a diferença nesse equilíbrio”, conclui.
Mesmo que estejam na metade do último ano letivo, as três estudantes se aventuraram no desafio tecnológico porque decidiram arriscar em algo novo e também preveem que todos os profissionais precisarão entender como é elaborar um instrumento tecnológico, um aplicativo, em um futuro bem próximo.
Daniela, a mãe de Gabi, explica seu estímulo e apoio detalhando, “Acho muito importante o interesse das meninas em ajudar a escola, mesmo sabendo que elas estão quase saindo de lá. Minha ajuda principal é dar apoio para que o aplicativo fique acessível para todos os pais, com fácil manuseio e entendimento, o que é um desafio, considerando que nós não somos muito tecnológicos. Facilitar o acesso tende a despertar o interesse dos pais para que eles participem e colaborem mais com a escola”.
Clique aqui e confira o bate-papo na íntegra.